quarta-feira, 27 de março de 2013

Navegação na Amazônia carece de investimentos públicos


Brasília, 26/03/2013 – Abrir uma linha de crédito com recursos do Fundo da Marinha Mercante para financiar os estaleiros tradicionais e o transporte de cargas e passageiros na Amazônia, incluir os armadores no SIMPLES Nacional e implantar o SAMU Fluvial são algumas medidas que construtores, armadores e usuários do transporte fluvial de cargas e passageiros querem ver implantadas na Amazônia. Eles apresentaram as solicitações à deputada federal Janete Capiberibe (PSB/AP), presidente da Frente Parlamentar Mista pelo Desenvolvimento da Navegação Fluvial na Amazônia durante o seminário promovido pelo colegiado, nesta terça, 26, na Câmara dos Deputados. Destacam que o Brasil tem um grande débito de investimentos na região e lamentam que ainda priorize investimentos nas outras modais e nas regiões mais desenvolvidas do país.
A parlamentar comprometeu-se de encaminhar, imediatamente, as solicitações e intermediar o diálogo entre os entes públicos para que as  medidas sugeridas sejam implantadas. O anteprojeto para criar a linha de crédito subsidiada aos estaleiros da Amazônia, resultado de um ano de debates de um grupo de trabalho sugerido pela deputada do Amapá, está parado no Ministério dos Transportes desde 2009. As propostas visam à renovação da esquadra naval na região que tem a maior malha hidroviária do país, cerca de 23 mil quilômetros, com apenas cerca de 1/3 utilizado.
A falta de investimentos e a inadequação de algumas tecnologias foram afirmações repetidas pelos palestrantes e convidados.  O transporte aquaviário é o que recebe a menor parcela de investimentos, cerca de 2% de todos os recursos públicos para o setor, o que estrangula o potencial de crescimento do modal. Os números relativos à tonelagem de carga e passageiros transportados ainda são discordantes. Os usuários reconhecem o esforço da Marinha do Brasil para fiscalizar e tornar a navegação mais segura, mas apontam deficiência de equipamentos e falta de pessoal como entraves para um serviço de excelência. Roubos e depredação dos equipamentos de sinalização e roubos cometidos pelos chamados “ratos d’água” também contribuem para que a navegação seja menos segura.
O Seminário reuniu representantes dos estaleiros tradicionais, dos armadores, de governos estaduais da Amazônia Legal, do Ministério dos Transportes e Ciência e Tecnologia do Governo Federal e da Agência de Transportes Aquaviários - ANTAQ. A vice-presidente da Associação das Mulheres Vítimas de Escalpelamentos na Amazônia, Franciane da Silva Campos, e o carpinteiro naval Juscelino Lobato Marreiros representaram o Amapá. A linha de crédito subsidiado visa modernizar a construção naval tradicional e aumentar a segurança das embarcações para evitar acidentes, dentre eles os que provocam escalpelamentos.
A linha de crédito de R$ 3,2 milhões instituída pelo Governo do Amapá para fomentar a construção naval tradicional no estado, que permitirá a construção de 120 novas embarcações, e os mutirões de cirurgias plásticas reparadoras para 64 vítimas de escalpelamento que estão sendo atendidas pelo Governo do Estado em convênio com a Defensoria Pública da União e a Sociedade Brasileira de Cirurgias Plásticas foram citados como exemplos de medidas para a modernização da esquadra e reparadoras aos danos já causados pela ausência de políticas públicas eficazes. Emocionada, armadora Sônia Guedes dirigiu-se a Franciane: “Você não precisa pedir desculpas. Eu tenho que pedir desculpas por não termos feito nada a tempo de evitar seu acidente”.

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